Reacções Adversas

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Location: Portugal

Monday, October 30, 2006

Fazes-me Falta

O meu amor tem lábios de silêncio E mãos de bailarina E voa como o vento E abraça-me onde a solidão termina
O meu amor tem trinta mil cavalos A galopar no peito E um sorriso só teu Que nasce quando a teu lado eu me deito
O meu amor ensinou-me a chegar Sedento de ternura Sarou as minhas feridas E pôs-me a salvo para além da loucura
O meu amor ensinou-me a partir Nalguma noite triste Mas antes, ensinou-me A não esquecer que o meu amor existe.

O Meu Amor Existe - Jorge Palma

Wednesday, October 25, 2006

Oração


OM MANI PADME OM

Monday, October 23, 2006

Silêncio Mudo II



Silêncio Mudo

Chove, aqui e em mim.
Caminho em passos breves e lentos, a areia fere as plantas dos pés até sangrar. Aproximo-me da orla e baixo os braços defronte do Mar. Leva-me. LEVA-ME. Não consigo lutar contra esta vastidão de sal e água, que se movimenta em suaves declínios da Lua. Não consigo respirar a um compasso que não seja o teu. Sinto-me encarcerada num ashram de velhas dúvidas, todas vestidas de branco. Morri, e nem sequer me foi dada a hipótese de sonhar. Sou viúva de alguém que não conheci. Inspiro fundo, à espera de reter algum fotão perfumado de ti.
Nasci num dia fora do tempo. Não pertenço aqui. Vivo depressa demais, sonho depressa demais, quero ser depressa demais: fico espartilhada num espaço de vazio e solidão em que só existem fragmentos de razão e onde só oiço a minha voz. Há tanta gente, tanto por descobrir...."No dia em que acontecer, saberás.". És a única voz que consigo escutar.
Para cima. Mais para cima. Cada vez mais para cima. O Mar agita-se e chicoteia o penhasco, que parece ceder. Há uma lição para aprender, um caminho a percorrer. Há que libertar amarras, há que ser livre, há que evitar olhar para trás. E eu que só queria ser amada...
Mas quando uma mulher está de pé num penhasco, prestes a saltar para o mar escuro como vinho, os tempos misturam-se. É tudo o mesmo barco no mesmo oceano, e o oceano chama-se tempo. Um tempo que se dilata e onde os seres se encontram e se fundem, sem limites de corpo ou de espaço.
Escorregam os pés, o coração sente bater. Por um momento, balanço nas dúvidas de um salto. Os mortos acenam do fundo do corredor iluminado por tochas. Os meus avós, os meus amigos, o meu amor. Estou a ser levada à minha infância de aromas de cozinha e pastéis de massa tenra, ao meu núcleo natal.
Descobri-te por acaso, apaixonei-me e perdi-te com o Amanhecer. Encontro-me à beira da eternidade e não sei o que fazer.
Viro costas, cai um anel e um pedaço de mar.

Sunday, October 22, 2006

Partícula

O Universo és tu. Estou sempre contigo.

Saturday, October 21, 2006

Deixar ir...

"Geme o restolho preso de saudade,
esquecido, enlouquecido, dominado,
perdido entre as sombras do montado (...)

geme o restolho a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou,
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda.

É preciso morrer e nascer de novo, semear do pó e voltar a colher
Há que ser trigo, depois ser restolho, há que penar para aprender a viver.
E a vida não é existir sem mais nada, a vida não é dia sim, dia não,
É feita em cada entrega alucinada, para receber daquilo que aumenta o coração..."

(Mafalda Veiga - Restolho)

Na Sombra das Almas...



Desculpa se te fiz fogo e noite
Sem pedir autorização por escrito
Ao sindicato dos Deuses
Mas não fui eu que te escolhi.

Desculpa se te usei
Como refúgio dos meus sentidos
Pedaços de silêncios perdidos
Que voltei a encontrar em ti.

Tears and Rain



Was I hoping for something different?

Why was I hoping for something different?...

I can't hold on to me

I wonder what's wrong with me...

Thursday, October 19, 2006

Hide and Seek

where are we?
what the hell is going on?
the dust has only just begun to form
crop circles in the carpet
sinking, feeling

spin me 'round again
and rub my eyes,
this can't be happening
when busy streets a mess with people
would stop to hold their heads heavy

hide and seek
trains and sewing machines
all those years
they were here first

oily marks appear on wallswhere pleasure moments hung
before the take over,
the sweeping insensitivity of this still life

hide and seek
trains and sewing machines (you won't catch me around here)
blood and tears
they were here first

Mmmm what d'ya say,
Mmmm that you only meant well?
well of course you did
Mmmm what d'ya say,
Mmmm that's all for the best?
of course it is
Mmmm what d'ya say?
Mmmm that it's just what we need
you decided this
Mmmm what d'ya say?
Mmmm what did she say?

ransom notes keep falling out your mouth
midsweet talk, newspaper word cut outs

speak no feeling
no I don't believe you
you don't care a bit, you don't care a bit
(hide and seek)

ransom notes keep falling out your mouth
midsweet talk, newspaper word cut outs
(hide and seek)

speak no feeling
no, I don't believe you
you don't care a bit, you don't care a bit


Imogen Heap

Wednesday, October 18, 2006

Benvinda

Um Pouco de Céu



Só hoje senti que o rumo a seguir levava para longe
Senti que este chão já não tinha espaço para tudo o que foge
Não sei o motivo para ir, só sei que não posso ficar, não sei o que vem a seguir, mas quero procurar...
E hoje deixei de tentar erguer os planos de sempre
Aqueles que são para outro amanhã que há-de ser diferente
Não quero levar o que dei, talvez nem sequer o que é meu
É que hoje (contigo) parece bastar um pouco de céu, um pouco de céu...

Só hoje esperei, já sem desespero, que a noite caisse
Nenhuma palavra foi hoje diferente do que já se disse
E há qualquer coisa a nascer, bem dentro no fundo de mim e há uma força a vencer qualquer outro fim...
Não quero levar o que dei, talvez nem sequer o que é meu
É que hoje parece bastar um pouco de céu, um pouco de céu...

Va(zi)u

O vento afaga-me os caracóis enquanto espero por ti em frente ao mar. Agora já não é Verão mas a luz filtrada do chá aquece-me as camadas da alma. Sou eu, sei que faço parte das ondas e que, como elas, também quero chegar à areia, numa explosão última de branco e de sal. Mas foste embora, com asas na trela, e nem me deste tempo de te dizer, de te mostrar, o quanto és importante para mim.

Monday, October 16, 2006

Bairro do Oriente

"Tenho à janela
Uma velha cornucópia
Cheia de alfazema
E orquídeas da Etiópia

Tenho um transistor ao pé da cama
Com sons de harpas e oboés
E cantigas de outras terras
Que percorri de lés-a-lés



Tenho uma lamparina
Que trouxe das Arábias
Para te amar à luz do azeite
Num Kamasutra de noites sábias



Tenho junto ao psyché
Um grande cachimbo d’água
Que sentados no canapé
Fumamos ao cair da mágoa

Tenho um astrolábio
Que me deram beduínos
Para medir no firmamento
Os teus olhos astralinos


Vem vem à minha casa
Rebolar na cama e no jardim
Acender a ignomínia
E a má língua do código pasquim
Que nos condena numa alínea
A ter sexo de querubim."


Rui Veloso - Bairro do Oriente

Sunday, October 15, 2006

Goodnight



Foi a bruma. Escolheu envolver-se na noite, abraçada à torre mais alta do Castelo; envolveu-nos como um manto, escondeu-nos do mundo e permitiu uma entrega que mais ninguém presenciou. O teu olhar, que reflectia o metal do mar e o medo da noite, abriu-se na dualidade dos triângulos. Os teus dedos, pálidos da dor, receberam os meus e os nossos. E para lá dos sonhos sonhados ou dos castelos de areia, pude fundir o núcleo.

Para Ti

Do Convento





Caminho sozinha ao encontro dos que conheço de há muito tempo: subo às nuvens e deixo-me magnetizar. A Serra oscula todos os seres e filtra o pensamento. Entro nos portais, serpenteio com o brilho branco das casas, procuro por ti, sinto-te aqui. Partilho um espaço que foi teu há muitos anos. Os teus passos ainda se sentem entre as flores. Deito-me e adormeço na tua cama, na tua luz, na tua cela secular.

Xi(s)t Brother


Wednesday, October 11, 2006

Entardecer Meu e Teu

Alvôr


Foi numa pedra da praia que hoje te deixei ir. Permiti que o mineral retivesse a memória mais íntima de mim, que a gravasse em átomos de tristeza e solidão, que abraçasse o vazio último das minhas dúvidas. Fechei os olhos e deixei cair o abismo, os cavalos de crinas ao vento, o odor do teu corpo cansado. Formou-se então um fio de metal que tudo drenou para dentro da condensação da Matéria e nessa altura libertei amarras -- todas as coisas e sentimentos a que me apeguei -- e quis apagar-te de mim. Agora já não eras eu, eras a pedra que te carregava de mim, e com um gesto brusco soube dizer "Não". Mas negar para quê? A Deusa encarrega-se de mostrar o caminho. Afinal, a praia está repleta de pedras. E não há pedras que se afundem no amor. Atirei a pedra ao mar mas ela veio bater-me nos dedos dos pés.

Monday, October 09, 2006

Beijo

...leva os meus braços e esconde-te em mim, que a dor do silêncio contigo eu venço com um beijo assim.

Retrovisor




Deusa

(Sei que andas por aí, oiço os teus passos em certas noites, quando me esqueço e fecho as portas começas a raspar devagarinho, às vezes rosnas, posso mesmo jurar que já te ouvi uivar, cá em casa dizem que é o vento, eu sei que és tu, os cães também regressam, sei muito bem que andas por aí.) Tenho tantas saudades tuas, perdoa-me.

Depois Do Adeus


Quis saber quem sou, o que faço aqui
Quem me abandonou, de quem me esqueci
Perguntei por mim, quis saber de nós
Mas o mar não me traz tua voz...

Em silêncio, amor,
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim.

Eu te lembro, assim. Partir é morrer, como amar é ganhar e perder....

Tu vieste em flor, eu te desfolhei
Tu te deste em amor, eu nada te dei
Em teu corpo, amor, eu adormeci
Morri nele e ao morrer, renasci.

Wednesday, October 04, 2006

Saudade

"Como nós eras altivo
fiel mas como nós
desobediente.
Gostavas de estar connosco a sós
mas não cativo
e sempre presente-ausente
como nós.
Cão que não querias ser cão
e não lambias a mão
e não respondias à voz.
Cão como nós."

Gaya

(29.09.2005-04.10.2006)

(podes correr comigo pela praia fora, aqui ninguém nos vê, somos só nós e o mar, saltas a meu lado como se fosses um pedaço de areia e vento, uma estátua movente, cão de água, anda daí comigo por esta noite dentro.)

Tuesday, October 03, 2006

Liberdade

Yo quisiera poder ser feliz como um pájaro
Una flor que ha nascido en el campo
Y no espera más que la lluvia o el sol
Yo quisiera nascer cada nueva mañana
En la luz de un rayo de sol que desnuda la más alta montaña
Y bajar en la suave llovizna
Que cae despertando la tierra
Con el frescor, la claridad del alba
Yo quisiera sentir libretad como un águila
Cuando abre sus alas y suelta en el valle una sombra fugaz
Y sentirme raíz del mayor de los árboles
El que roza en las nubes sus ramas desnudas y las hace llorar
Su tristeza en la suave llovizna
Que cae despertando la tierra
Con el frescor, la claridad del alba
Yo quisiera arrasar todas estas murallas
Las que callan mi voz en un hueco de sombra y piedra mortal
Y decodificar el sentir de la gente
Que no sabe o no puede aprender que vivir es mejor que soñar
Es igual que la suave llovizna
Que cae despertando la tierra
Con el frescor, la claridad del alba
Yo quisiera morir en un dia de Invierno
Para sentir la lluvia mojarme la cara una última vez
Como sentir tu boca tocándo la mía
Y aunque solo un instante pensar que no es ese mi último adiós
Que morir es cómo essa llovizna
Que cae despertando la tierra
Con el frescor, la claridad del alba.