Reacções Adversas

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Location: Portugal

Friday, September 29, 2006

FP

"Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas."

-- O meu único conceito de fidelidade tinha a ver com o ritmo. E o ritmo era fiel às emoções, não aos princípios. Os princípios eram infiéis às nossas sensações. E a pior das infidelidades era sermos infiéis a nós próprios. --

Manuel Arouca in Deixei o meu Amor em África

Tuesday, September 26, 2006

A Gente Vai Continuar...

"Tira a mão do queixo, não penses mais nisso,
O que lá vai já deu o que tinha a dar...
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu ainda há-de ter mais cartas para dar.

Enquanto alguns fazem figura, outros sucumbem à batota,
Chega onde tu quiseres, mas goza bem a tua rota...

Todos nós pagamos por tudo o que usamos,
O sistema é antigo e não poupa ninguém
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem.

Que a dependência é uma besta que dá cabo do desejo,
E a liberdade é uma maluca, que sabe quanto vale um beijo...

Enquanto houver estrada para andar, a gente vai continuar
Enquanto houver ventos e mar, a gente não vai parar..."

Zé Palma, deves ter escrito esta canção para que eu a ouvisse hoje....se pudesse mandava tudo para um sítio que eu cá sei.

Dor

Morro por dentro a cada minuto, pergunto-me o porquê de tudo isto: porque é que deixaram de me reconhecer no espelho, deixaram de acreditar em mim, me impediram de voar. Um tigre numa jaula com um bisturi e um tubo, sem saber o que fazer, como sair. Não quero as rações geneticamente modificadas de um zoo, quero ser eu a apanhar e a escolher o que quero para mim. Não quero sentir a raiva e o ódio do tratador, nunca fui um animal feroz. E pego cautelosamente na lâmina e permito-me sofrer, sangrar com cortes profundos, esvair-me de mim. Primeiro nos punhos, nas virilhas, na jugular....não importa, desde que sangre. Como posso modificar agora o rumo das coisas? Como posso impedir-me de chorar? Tens medo de mim? Ainda não percebi o que vou fazer com o tubo...

Friday, September 22, 2006

Contemplação


Vejo os momentos que passam no retrovisor: algumas imagens paradas no tempo, que ali reflectidas se tornam mais claras. Perco-me de mim, a cada pedaço, sem um lugar definido para ir: ando em círculos, fujo de mim, até me teres dado uma razão para parar e pensar. Sou um espectro, sou uma parte de quem quero ser, mas se quiseres podes ficar com o que sobra de mim. Torna-me una. Eu aceito-te e fico com o que resta de ti. Não quero perder mais nenhum dia encerrada na sombra dos meus erros...

When I look into your eyes


...E naquele instante o tempo parou. Era o ruído dos outros, a luz, tudo o resto, mas nada disso me manteve lá. Dancei contigo em sonhos, envolta em cheiros quentes e imagens brilhantes, sem nunca desviar o olhar. Olhei para ti e esse olhar sustentou e susteve-me durante um momento só, que se dilatou no espaço-tempo por vários anos e que me fez finalmente compreender.

Sunday, September 17, 2006

Passam as horas...

Tenho saudades tuas.

24 horas

Confinada a uma clausura escolhida, em alerta mas tranquila, deixo-me levar pelo empenho do trabalho ao som da Mafalda. E de alguma forma as palavras ecoam e sabem-me à verdade.

"Eu sinto os teus passos na escuridão
Pressinto o teu corpo no ar, aqui
E vou como se o mundo todo fosse sugado para dentro de ti,
E não houvesse nada a fazer senão deixar-me ir.

Pressinto os teus gestos quando não estás
Procuro os teus sonhos perdidos
E hoje mais que qualquer outra noite há qualquer coisa que me fere
E que me faz querer tanto ter-te aqui.

Se às vezes tudo é breve como um sopro, não importa se for uma gota só, de loucura
que faça oscilar o teu mundo e desfaça a fronteira entre a lua e o sol.

Se o gesto cair assim, despedaçado
Se eu não souber recolher a dor,
Se te esperar a céu aberto onde se esconde o que tu és que eu também sou
É que hoje mais que qualquer outra noite há qualquer coisa que me fere
E que me faz querer tanto ter-te aqui."

Saturday, September 16, 2006

A Cidade Surpreendente


Rendo-me. Morro de amor pelo Porto. Assim que desembarco naquele cinza azulado com cabelos de nevoeiro suspensos e engulo o cheiro do Douro, sinto-me quase pura.

(homenagem a Carlos Romão)

Friday, September 15, 2006

Offer

"Who am I to be blue?
look at my family and fortune,
look at my friends and my house;

Who am I to feel dead,
who am I to feel spent?
look at my health and my money;

And Where do I go to feel good,
why do I still look aside me?
clearly I've seen it won't work...

Is it my calling to keep on when I'm unable?
Is it my job to be selfless extraordinaire?
My generosity has been disabled by this my sense of duty to offer...

And why do I feel so ungrateful,
me who is far beyond survival,
me who see life as an oyster...

How did I rest on my laurels,
how did I ignore an outstretched hand,
how did I ignore a third-world country?"

Do Abismo

Acendo o cigarro, aposto no cavalo. Existes em olhos, em traços do rosto, em mãos gastas pelos anos, mas sinto-me segura. Nessa altura, as imagens levantam-se e só restas tu (com todos os teus fragmentos). Sabes-me bem. Chegaremos ao fim? Não, não tenho medo de te amar.

Thursday, September 14, 2006

Outono




Ontem foi o primeiro dia de chuva.
Deixei-a cair e trazer-me a alma de volta.

Sunday, September 10, 2006

Danae


Desperto gradualmente para os sentidos do meu corpo que me põem em comunicação com os outros. Desço deste vôo raso por entre a liberdade do vento mas apetece-me continuar a explorar esses recantos de um mundo que não é apenas nosso desde um sofá reclinável ao teu lado.

Saturday, September 09, 2006

Oito e Trinta e Cinco




O Sol erguia-se quente sobre os teus ombros. Abraço e aceito o seu calor e revejo-me aqui, enlaçada nos meus pensamentos dúbios e voltando lentamente à realidade das máscaras. Porque esta noite vagueei por sítios onde não estive, por locais onde fui feliz, por limbos sonhados onde permaneci a teu lado. Em cima de uma estrela deixei-me levar. Sim, conheço-te de há muito muito tempo, tanto que o próprio tempo fez esquecer, e mantenho a aprendizagem e o entendimento de antes. Também tenho saudades do tempo em que fui feliz, em que fui simples, em que fui primária, em que simplesmente fui. Tenho saudades do tempo em que nos conhecemos. África continua a Grande Mãe e os seus filhos nascem e caem aos brotos, como os frutos da mangueira no fim das chuvas, na eterna renovação e libertação. Vagueio pelos locais onde estive em tempos, conheço-os de cor, conheço-os como meus, e contudo não acho o caminho de volta a casa. Procuro entre os embondeiros um sinal desse campo quente e tranquilo que dizes que possuo, mas só consigo lembrar-me da selva e dos bichos, que comungam comigo e que não me deixam ter medo, apenas o coração apertado da mudança e da destruição. Talvez não valha a pena voltar a África, ao lugar onde se foi feliz, mas eu voltei e vi. Coisas que o meu coração não vai esquecer, nesta ou noutra vida qualquer. Para mim, é-me importante fazer-te diferença e, de alguma forma, tocar-te a alma e permitir-te ser.

Entre o que se diz e não diz

É isso, como achámos que ia ser. A vida simples é boa, quase sempre. Os passos vão pelas ruas, ninguém repara na Lua...

...E eu não sei parar de olhar para ti, não vou parar de olhar, eu não me canso de te olhar.

Há quem acredite em milagres, há quem faça maldades, há quem não saiba dizer a verdade...

...mas eu não sei parar de olhar para ti, não me canso de olhar.